sábado, 10 de abril de 2010

Poeta Mediano




Meus versos, quietos e inexpressos
não sussuram ocos (se os fossem!)
quais os humanos abscessos
mugidos às mãos fundas de Eliot.
Não vagam por reinos de sonhos,
de morte, inferno, ou purgatório, ou paraíso,
tais os daquele, que em conselhos virgílios,
aprendiz torna-se amante
e pintor, e poeta e viajante.
À Beatriz que pinceladas de tríades sons - Dante!

Minhas rimas não são depressões argutas
postas em brisas leves e iracundas,
tristes Flores Belas de calor,
ardentes a um imediato amor.
Não de agonia ou vazios profundos
de um certo Fernando meditabundo
que o toque impele minha Pessoa
à poética labuta que ressoa... e ressoa...

São linhas de suspiro num palco
inerte à perda da política luta;
opostas as de uma Neruda, amigo Pablo.
Apenas linhas de berros e estilhaços
que afrouxam do peito esse laço
de poeta oco e mediano.

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