sábado, 30 de outubro de 2010

Drummond, sempre Drummond...

O amor antigo

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mais pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

Shine on your crazy diamond




É porque se tu não encontrar um diamante doido dentro de ti, ou encontrá-lo e não saber fazê-lo brilhar, tua vida não valerá a pena.

E o Pink Floyd é muito bom! ^^

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Amor, meu GRANDE amor!


"Meu Deus! Um minuto inteiro de felicidade! Afinal, não basta isso para encher a vida inteira de um homem?..."

Noites Brancas, Fiódor Dostoiévski.


Acabei de ler esse conto. Nunca chorei tanto em minha vida com qualquer obra de arte. Que profundidade em uma linguagem tão rápida , simples e impactante! As palavras parecem uma mão que puxam teu coração em diversas direções a cada entendimento do que há escrito. Uma diversidade de sensações vem à tona: tristeza, solidão, pena e orgulho de mim mesmo... felicidade, desespero, mágoa... um sentimento de vazio... É como se minha memória tivesse montado um confuso nó sobre tudo que já vivi. Meu passado tornou-se um laço emaranhado esta noite. E é essa a intenção deste gigante: apontar a diversidade absurda que é a vida, confundir os teus nervos e fazer-te procurar as respostas no caos, no intenso, naquilo quem em senso comum denominamos erroneamente de "anormalidade" ou "loucura". Aceitar as naturais exaltações "patológicas" e o vazio humano, eis o caminho. Definitivamente um gênio, e um dos maiores que já existiu, sem dúvida. Meu amor, meu grande amor.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Neruda


"O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido"
Pablo Neruda


Que essa máxima me guie mais uma vez, como sempre tem sido, grande mestre.

O futuro que não tive


Encaras tua frente: a tua sombra na parede

te engole, te asfixia, te atordoa...

como é longa a escuridão que crias!

e criaste porque quiseste, o laço ao passado está aí porque sonhaste...

sonhaste alto e a vida não te deu, amigo, a vida não te deu!

Que te deve a vida? Não te deve é nada!

Foste bom porque quiseste, e só isso. Nada mais.

Não espere. O sonho é um veludo de conteúdo mudo. Falseia, falseia o mundo.

A vida não admite futuro puro.

Assim expiras:

não em morte,

mas esperança;

não em raiva,

mas controle;

não em choro,

mas suspiro;

não como um GRITO!...

(silêncio)

Que pensas em fazer, companheiro?

Teu futuro te abandonou.

Te restou a solidão do quarto, a grande sombra do que eras (e serias) estampada na parede.

O futuro falecido não te deixa... olhas com saudade os azulejos...

Mas e a boêmia?

E o sexo?

E a música, a música, companheiro!?

Poderias dar um passo tímido

e fazer feliz tua negra companhia

estendendo tua mão

à uma dança sombria contigo.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Vivi...


"IV

muitas doenças que as pessoas têm são poemas presos
abcessos tumores nódulos pedras são palavras
calcificadas
poemas sem vazão

mesmos cravos pretos espinhas cabelo encravado
prisão de ventre poderia um dia ter sido poema

pessoas às vezes adoecem de gostar de palavra presa
palavra é boa é palavra líquida
escorrendo em estado de lágrima

V

lágrima é dor derretida
dor endurecida é tumor
lágrima é alegria derretida
alegria endurecida é tumor
lágrima é raiva derretida
ravia endurecida é tumor
lágrima é pessoa derretida
pessoa endurecida é tumor
tempo endurecido é tumor
tempo derretido é poema"


Viviane Mosé

o sofrimento é folha que cavalga o vento
rodopia aos teus olhos
e cai
se não segurares

sábado, 16 de outubro de 2010

Uma homenagem ao RPG Lobisomem, o Apocalipse. E também a Quentin Tarantino! ^^


Uma mosca está parada em cima de sua bochecha. Meus olhos deslizam com diligência para a direita, ao ponto de sentí-los pesar sobre o nariz, até que atingem a oleosidade do local de pouso do insento. A pele ruguenta torna-se ainda mais repugnante com o suor natural do corpo. Levanto a cabeça sinicamente e solto a última fumaça do cigarro que custo acariciar entre os dedos da mão direita. Meu chapéu cai com o movimento. Sinto-o por trás da cadeira que sento. Sou capaz de respirar sua queda, torná-la tão minunciosa que a lentidão tornaria inverosímil o fragmento de tempo utilizado para tal ação. A mosca assusta-se com a brasa caindo no chão. Afirmar que não consigo pensar seria desonestidade. O inverso, nunca estive tão concentrado. De chofre, percebo a mosca passeando entre os meus olhos, tão inocente. Por um segundo sinto como se tudo ao meu redor fosse insensível: escuro, inaldível, sem cheiro ou toque. Reto-mo meus sentidos. Nunca estiveram tão aguçados. Cada vez que ela toma conta de mim é um delírio mais apurado, um prazer inefável. Minha respiração pára, não preciso mais de ar. A cadeira escorrega entre meu corpo e o chão, deixando amassar o chapéu preto agora amassado. Um força tremenda ecoa em minha mente e meus músculos. É, é ela mais uma vez: a hora do fúria começou.
Perco meu corpo, troco a voz por grunidos e salto no sujeito de pele oleosa e ruguenta. Atingo em cheio minha garra direita em sua nuca. O sangue jorra em minha cara. O ferro se preicipita em minha saliva e escorre pelos pelos de meu pescoço. É uma fonte vermelha que se liberta, afim de ser degustada apenas por aqueles que merecem ter ferro circulando pelo organismo.
Me acalmo e retomo minha forma débil. Lamento pela duração do espetáculo, pouquíssimos segundos... Mas esse curto tempo é o necessário para que minha fé não seja abalada. Não há Deus, arte ou filosofia que supere a transcendência impetuosa do sangue. Só ela faz-te esquecer a ti mesmo.

- Couro de Dragão, tribo: Cria de Fenrir, augúrio: Aurhon.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Versos do "Quenga de Coco" que marcaram o melhor ano de minha vida, o de 2004!



"Mas deixa estar ingratidão
Ao cantar da patativa outro Sol já vai nascer
Vou tirar de minha mente
Cantar outro repente
Vou tentar te esquecer"


Dancei muito forró ouvindo Quenga de Coco no 3º ano do Nóbrega. Esses versos marcaram minha vida pra sempre, guardam um tempo de uma felicidade absurda! Felicidade que, diga-se de passagem, voltei a ter...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Porque RPG é cultura.




Lá, em Kiva,
pude ver os sangretos olhos
ódio e sofrimento
da criatura esguia.

Lá, em Kiva,
meus olhos cegaram,
mas a garganta cantou
e da espada fez-se a dança.

O abismo à luz se esquiva
o amor à fé indica
E ao meu canto, Endélion,
por Fildran,
o mau findou.

Rivennell, elfo bardo