segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O futuro que não tive


Encaras tua frente: a tua sombra na parede

te engole, te asfixia, te atordoa...

como é longa a escuridão que crias!

e criaste porque quiseste, o laço ao passado está aí porque sonhaste...

sonhaste alto e a vida não te deu, amigo, a vida não te deu!

Que te deve a vida? Não te deve é nada!

Foste bom porque quiseste, e só isso. Nada mais.

Não espere. O sonho é um veludo de conteúdo mudo. Falseia, falseia o mundo.

A vida não admite futuro puro.

Assim expiras:

não em morte,

mas esperança;

não em raiva,

mas controle;

não em choro,

mas suspiro;

não como um GRITO!...

(silêncio)

Que pensas em fazer, companheiro?

Teu futuro te abandonou.

Te restou a solidão do quarto, a grande sombra do que eras (e serias) estampada na parede.

O futuro falecido não te deixa... olhas com saudade os azulejos...

Mas e a boêmia?

E o sexo?

E a música, a música, companheiro!?

Poderias dar um passo tímido

e fazer feliz tua negra companhia

estendendo tua mão

à uma dança sombria contigo.

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