segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O que são sonhos?




"Quem és? Perguntei ao desejo
Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada"
Hilda Hilst

Sonha.
Realiza.
Tua vida é fogo híbrido.
A realidade cria o desejo.
O sonho inventa a verdade.
O sonho é um pó que queimaste, um nada.
Mas pode também ser brasa.
Enxerga além,
alimenta tua chama!
Gabriel Navarro

sábado, 14 de agosto de 2010

Valeu, galera!


Hoje eu acordei saudosista. As recordações do que fui durante os últimos anos tomou-me a mente num episódio angustiante e não menos feliz. É que logo que despertei, olhei o meu reflexo no espelho atentamente e finquei o olhar nos primeiros arranhões que o tempo anda cravando em meu rosto. Sim, eu custei a acreditar... Elas já estavam ali, tímidas, porém evidentes a uma observação arguta: minhas primeiras rugas. O tempo passou. Rompi definitivamente com a adolescência.

Um frio desceu pela minha espinha ao entendimento do que já era óbvio, mas logo um sorriso conformista evidenciou-se em minha boca. É que ao ver as minhas primeiras rugas recordei-me de antigos guerreiros escandinavos que expunham com glória e honra as cicatrizes que adquiriam em batalhas. Os riscos nos corpos significavam para eles a vitalidade, a resistência e a força. Simbolizavam a prova da vitória, isto é, que não tombaram em combate.

Ora, foi impossível não ter me identificado com esses guerreiros. As rugas que agora brotam em meu rosto são cicatrizes dos combates que venho tecendo nesses últimos tempos. E isso se dá porque enfim alcancei a maturidade. Até pouco tempo atrás meu pai e minha mãe guiavam-me, defendiam-me nos embates, e por isso só agora as rugas brotam. Antes as lutas não eram minhas, simbolizavam apenas um treinamento para o que estava por vir.

Pensando de fronte ao espelho, foi inútil tentar evitar pensamentos acerca de um período tão sublime e dinâmico da existência humana nas sociedades modernas: o de tornar-se um jovem adulto. Ora, e por que meditar sobre isso? Primeiramente por saber que a maioria dos meus colegas de graduação (agora quase todos formados) está passando pela mesma fase que eu. E se a mim foi destinada a fala (ou a escrita) que representasse a turma, nada mais justo que refletir sobre nós mesmos e as relações que tecemos diante do que podemos chamar de juventude adulta. Acreditei ser interessante discutir com o grupo o que significou este tempo de amadurecimento em nossas vidas e que marcou memórias que nos acompanharão quiçá até nossos últimos respiros: a graduação em Licenciatura em História da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Em segundo lugar quis me posicionar a favor da juventude que faço parte, uma vez que as gerações anteriores a criticam tanto.

Ser jovem no século XXI já é motivo de orgulho. Nós somos as crias da desesperança social, os sujeitos sem planos traçados que visem um futuro melhor para a humanidade. A desilusão das gerações que nos precederam parece afirmar constantemente que caminhamos rumo a um caos político descontrolado que não oferece chance às resistências. Aprendemos a olhar o mundo como algo que cada vez mais piora.

As idéias marxistas não vingaram. Poucos afirmam a fé que depositam numa sociedade mais igualitária. Se o fazem não é mais com a mesma esperança que a juventude de 1960, 70 e 80. Somos frutos dos sonhos frustrados do marxismo.

É possível que alguns de meus colegas já estejam pensando sobre o meu “pessimismo”. “Gabriel, estamos comemorando a nossa formatura, vamos falar das nossas memórias na universidade, de coisas felizes!”. Bom, se eu fizesse isso, agiria com falsidade, trairia o que fui durante esses quatro anos e meio.

Mas tenhamos calma, o pessimismo é uma ferramenta de extrema utilidade para o alcance da felicidade. Ser feliz quando tudo está muito bem é muito fácil. Eu, particularmente, prefiro a alegria dos poetas, aquela plena que enche o peito e o cérebro quando não existe nenhum motivo para ela estar ali presente; exceto o fato de saber que há vida em si.

Pois bem, além do sofrimento da desilusão político-social, temos de encarar um universo de relações humanas novo: o das relações líquidas. Há algum tempo se dizia que tudo que é sólido desmancha no ar. Agora, entretanto, vivemos com a angústia de não conseguir mais observar o concreto se dissolver, simplesmente porque ele não mais existe. Tudo que podemos denominar “coisa” se tornou fluido.

Somos obrigados a conviver com a insegurança das relações afetivas. O modelo de família nuclear, composto por pai, mãe e filhos está se desfazendo. O casamento tornou-se uma instituição extremamente instável. Nunca ocorreram tantos divórcios. Viver sob a égide do amor e da vida familiar não é mais nenhum sinônimo de segurança. A consciência disso nos angustia profundamente. Temos de encarar a solidão nos espreitando a todo momento. Como será nosso futuro?

“Ah, então eu vou estudar, arrumar um bom emprego e viver para o trabalho!”. Com a concorrência absurda, o “boom” de empregos temporários e o afastamento do estado nas relações de trabalho a estabilidade financeira tornou-se uma piada, salve raras exceções.

Refletindo sobre essas questões, de conhecimento de meus colegas, me pergunto como ainda conseguimos viver da maneira que vivemos, tão felizes? Sim, no tempo da graduação sorrimos muito. E fizemos isso produzindo. As salas de aula foram palcos de tantas discussões, desde se a masturbação é inata ou aprendida até questões historiográficas, literárias e filosóficas. Pois bem, meditando sobre o aqui propus, acabei por encontrar uma resposta ao meu questionamento. É que nós não perdemos a fé em nós mesmos, nas lutas que tecemos diariamente em prol dos nossos sonhos individuais. Não importa se nossas vontades serão satisfeitas ou não, a luta e a formação das rugas (cicatrizes) em nossos rostos é o que nos importa. Meus colegas, nós somos grandes guerreiros. Ai de quem diz que a nossa geração é estéril e acomodada.

De certo que quem é capaz de proferir um absurdo desses não conheceu o nosso amigo Bruno Melo. Como alguém pode dizer que um indivíduo que trabalhou o período matutino educando crianças em Jaboatão dos Guararapes, o da tarde auxiliando pessoas a pensarem sobre o patrimônio, a historiografia e a museologia no Instituto Ricardo Brennand, e que à noite ainda apresentou fôlego para encarar duas graduações não foi um grande guerreiro?

Também desconheceu a existência de Fernando Barcellos, que durante o curso superior enfrentou o stress de não poder pensar como queria no trabalho (tele-atendimento na TIM), mas que acabou por elaborar estratégias que visaram uma maior identificação com o ofício, como as pesquisas na FUNDAJ e as aulas voluntárias no Pré-Acadêmico. Além disso, Fernando atuou como excelente aluno e enfrentou o tempo, sendo capaz de dedicar-se a um namoro que já dura seus quatro anos com Emmanuelle (dois “emes” e dois “eles”) Valeska. Esta encarou a labuta e o caos documental da Assembléia Legislativa, além de ter posto as mãos em luvas e analisado diversos documentos do século XIX em busca da efetivação de sua pesquisa PIBIC. Fora isso, Manu ainda ministrou aulas como voluntária no Pré-Acadêmico! Em meio as obrigações e a falta de tempo, não esqueceu a importância do sorriso e da diversão, alegrando-nos sempre com seus “hiiii”, “nãaaaao” e “o gaaaato”. Um casal de professores que se dedicaram antes de tudo ao conhecimento. Felicidades!

Patrão foi outro batalhador! Enfrentava diariamente longas distâncias (após a batalha na rede hoteleira) para ir até a UFRPE e ainda nos alegrava com os comentários que tecia com todos, principalmente com Fariseu Nazista. Estudou, apresentou seminários, contribuiu nas discussões... E agora casou! Mais um que conseguiu fazer milagre com o tempo.

E já que eu falei de pessoas que residem longe da universidade, não poderia deixar de fazer luz à atuação de Márcio Romerito, que desde o início do curso nos contagia com a fé que deposita na educação e na conscientização política. Sempre contribuiu nas discussões e nos seminários. Trabalhou como servidor público e ministrou aulas como voluntário. Além disso, encarou com bravura um problema de saúde delicado, sempre tendo em mente o desejo de retorno à historiografia. Valeu “Mé”, invejo a sua luta e sua fé na política!

Janaína Santana também tem de ser mencionada. Ir de Igarassu até Dois Irmãos todos os dias não é brincadeira. Educou crianças e jovens, contribuindo para uma melhor utilização da linguagem e esclarecimento político. Trabalhou com pesquisa durante um período e me ajudou muito com a pesquisa sobre o Colégio de Órfãos. Com todas as dificuldades, Jana sempre contribuiu com suas risadas, seu bom humor e as explicações acerca da história do rock e movimentos musicais brasileiros.

Se falamos do Colégio dos Órfãos, não poderia deixar de citar a mim mesmo, o gordo mais bonito e sexy da turma (se sou o único não interessa!), pois modéstia nunca foi um sentimento que apreciei. Fui um ótimo aluno e trabalhei em alguns projetos de pesquisa, engolindo muita poeira nos arquivos. Amo isso! Também ministrei aulas como voluntário no VC (Vestibular Cidadão) e ajudei algumas pessoas a ingressarem em universidades. Ainda venci o tempo para dedicar-me à poesia.

Falando em história da música e poesia, Rhayza Moura tem de ser alvo de comentários. No ínterim da graduação estagiou e educou, além de ter contribuído sempre em debates formais ou informais com seus conhecimentos acerca da pintura, da literatura, da poesia, da filosofia e da música. Também encarou dois cursos superiores simultaneamente (Rádio e TV na UFPE).

Seu irmão Nietzsche lutou muito. Ele e Diego são duas pessoas que parecem ter nascido para a docência. Desde os primeiros períodos apresentaram jornadas imensas de trabalho em escolas. E quando chegavam à universidade sempre auxiliaram muito nos debates. Invejo tamanha disposição!

Disposição também teve o nosso Carlos Bombeirão! Simplesmente porque o cara se dedicou a salvar vidas! Durante o curso na UFRPE sempre buscou meios de crescer profissionalmente. Estudou para graduação e concursos públicos, fora os treinamentos físicos. Tudo isso com um sorriso estampado no rosto e uma gargalhada singular. Além disso, Bombeirão sempre apresentou magnificamente seus seminários.

Wando foi outro que sorriu muito durante esses quatro anos e meio. É verdade que riu mais da cara dos outros do que de qualquer outra coisa, mas sorriu! Ministrou muitas aulas, desenvolveu pesquisa e atuou como parceiro nos estudos sobre a história da infância.

Gustavo foi mais um excelente aluno e pesquisador. Sempre se mostrou disposto a discutir absolutamente sobre qualquer assunto e argumentar com inteligência sobre suas observações, bem como ter desenvolvido trabalho na área de educação.

É claro que não deixaria de lembrar o quarteto inseparável da turma 2006.1: Josué, Juli Help, Elba e Eduardo, que desde o início do curso se empenharam nos estudos arqueológicos e caíram em campo, visitando locais distantes e poucos habitados e educando a população com o objetivo de preservação do patrimônio pernambucano. Trabalharam muito! Viagens cansativas, areia, sol, suor, força... Vida de arqueólogo não é fácil!

Gabrielle mostrou-se presente nas discussões em sala de aula também, além de ter atuado como educadora e repartido suas experiências de docência conosco. Lembro muito dos seus comentários nas cadeiras de História da América, que eram constantes.

Rafael Boné trabalhou, estudou e foi presente nas discussões em sala de aula. Apresentava muito bem os seminários e quase sempre tinha um tom divertido. Fora isso, me ajudou algumas vezes com seu conhecimento de informática.

Vittor é não poderia deixar de ser citado. Como tantos, contribuiu muito nos debates e atuou como docente. No finalzinho do segundo tempo partiu para a área de pesquisa, agindo com avidez e dedicação.

E como não atentar para o coordenador geral do Diretório Acadêmico Manuel Correia de Andrade neste texto? Raphael Xavier foi mais um guerreiro que desde os primeiro período trabalhou e estudou muito. Iniciou o curso com a labuta na Jurandir Pires, o que o impedia de dedicar-se ao máximo à vida acadêmica. Mas não demorou a ministrar aulas e depois atuar em defesa dos direitos da infância, através de um projeto de extensão da UFRPE. Ainda contribuiu ao curso de História com a ótima gestão que realizou no D.A.

Menciono também a importante atuação daqueles que já alcançaram a maturidade, mas que merecem estar aqui, uma vez que se mostraram próximos aos mais jovens e contribuíram com suas experiências, apresentando conselhos e episódios de suas vidas. A juventude não pode ir muito longe sem a ajuda da experiência. Jean Carlos, Gezenildo, Adílson Tibúrcio e José Reis foram pessoas que reconheceram o valor do estudo e do conhecimento e mostraram-se atentos às angústias dos mais jovens.

Infelizmente não pude aqui apontar todas as lutas que eu e meus colegas de graduação travaram nesses últimos anos. Algumas eu conheço, mas não pude apresentar por respeito à individualidade dos meus amigos. Problemas familiares e financeiros, falta de livros, doenças, mortes de entes queridos, paixões desgastantes, depressões... Tudo isso fez parte da vida de muitos dos graduandos.

Peço desculpas aos que não são muito próximos a mim, pois isso deve ter contribuído para que eu enevoasse episódios importantes de suas vidas.

Acredito que o mais importante é que todos nós possamos nos reconhecer como grandes lutares, com uma juventude que teima por seus ideais. Se os sonhos e os meios de combate que utilizamos são distintos, se individualizaram, não significa que mereçamos uma reputação aquém de qualquer outra. Ser jovem num período de profunda transformação social e cultural não é nem um pouco fácil. Mas estamos cumprindo bem o nosso papel, não me resta dúvidas. Todos os que aqui foram mencionados mostraram-se como agentes históricos ativos. Seja no Rio Doce/Dois Irmãos, no Barro/Macaxeira, no Dois Irmãos/Rui Barbosa ou em qualquer outro ônibus que nos permitisse os trajetos diários rumo à UFRPE nossas mentes sempre estiveram preocupadas com a maior ferramenta de luta que o seres humanos possuem: a palavra. Todos ouviram, discutiram e educaram. Não importa de que forma tenha sido, contribuíram. O caminho é este. É longo, árduo, mas apresenta recompensas. Somos professores de História, sabemos como a palavra modifica profundamente as relações humanas. O discurso e a nossa disposição são as nossas maiores armas, não esqueçamos disso!

Hilda Hilst, poetisa paulista dos séculos XX e XXI, sintetiza em versos poderosos o poder do conhecimento e da educação em nossos tempos. Em Poemas aos Homens do Nosso Tempo, apresenta:


“Lobos? São muitos.

Mas tu podes ainda

A palavra na língua


Aquietá-los.


Mortos? O mundo.

Mas podes acordá-lo

Sortilégio de vida

Na palavra escrita.


Lúcidos? São poucos.

Mas se farão milhares

Se à lucidez dos poucos

Te juntares.


Raros? Teus preclaros amigos.

E tu mesmo, raro.

Se nas coisas que digo


Acreditares.”


Pois bem, passaram-se quatro anos e meio. Angústias? Muitas, somos humanos. Lobos? Tantos, estamos vivos. Mas temos a palavra e a memória. Em nosso curso aprendemos que o conhecimento e a disposição podem sim mudar nossas vidas. E se algum dia o desespero, a falta de vontade, a dor ou o sofrimento baterem em nossas portas, nos lembremos sempre da graduação que tivemos na UFRPE, do amor que cultivamos aos estudos e das alegrias que edificamos juntos. Dostoiévski dizia que o maior presente destinado aos humanos é a memória, pois qualquer um já se sentiu feliz e alegre em algum momento, com coragem para enfrentar qualquer eventualidade e partir em busca dos sonhos. Será esse o estímulo das nossas vidas. Esses quatro anos e meio ficarão guardados eternamente em nossas lembranças e nos darão coragem e alegria para lutar e fazer das nossas rugas o que elas devem ser: troféus das batalhas vencidas, cicatrizes escandinavas.

Para concluir, gostaria de citar uma estrofe de um poema de Carlos Drummond de Andrade, intitulado Memória. Nesta síntese, o poeta mineiro demonstra como a memória é ímpar para a felicidade humana, uma vez que focaliza os bons momentos e ainda transforma o passado em algo superior à própria beleza, que atua como um estímulo à vida. É de Drummond o famoso terceto:


“Mas as coisas findas

muito mais que lindas,

essas ficarão”.


Valeu gente, foi um imenso prazer viver com todos vocês durante esses quatro anos e meio. Ficarão as saudades...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Beleza


Segue os grandes
admira o sublime
e sonda o profundo.

Entrega-te ao elevado.
Torna-te gigante.

Mas se por ventura
reparares o belo
na sombra da pequeneza,
põe tua alma aberta à estranheza.
Pensa-te um deus.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Eu quero sangue, não ouro...


"Enquanto faço o verso, tu decerto vives.
Trabalhas tua riqueza, e eu trabalho o sangue.
Dirás que sangue é o não teres teu ouro
E o poeta diz: compra o teu tempo.

Contempla o teu viver que corre, escuta
O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo.
Enquanto faço verso, tu que não me lês
Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala.
O ser poeta te sabe a ornamento, desconversas:
"Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas".
Irmão do meu momento: quando eu morrer
Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo:
MORRE O AMOR DE UM POETA.
E isso é tanto, que o teu ouro não compra,
E tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vasto

Não cabe no meu canto."

(Hilda Hilst - Poemas aos Homens do nosso Tempo)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Quem me dera ter esse túmulo


E ASSIM EM NÍNIVE

"Sim! Sou um poeta e sobre minha tumba
Donzelas hão de espalhar pétalas de rosas
E os homens, mirto, antes que a noite
Degole o dia com a espada escura.

"Veja! não cabe a mim
Nem a ti objetar,
Pois costume é antigo
E aqui em Nívine já observei
Mais de um cantor passar e ir habitar
O horto sombrio onde ninguém pertuba
Seu sono ou canto.
E mais de um cantou suas canções
Com mais arte e mais alma do que eu;
E mais de um agora sobrepassa
Com seu laurel de flores
Minha beleza combalida pelas ondas,
Mas eu sou poeta e sobre minha tumba
Todos os homens hão de espalhar pétalas rosas
Antes que a noite mate a luz
Com sua espada azul.

"Não é, Ruanna, que eu soe mais alto
Ou mais doce que os outros. É que eu
Sou um Poeta, e bebo vida
Como os homens menores bebem vinho."

Ezra Pound (tradução de Augusto de Campos)