terça-feira, 28 de junho de 2011

Meditativo 2 (em andamento)

O silêncio tem sido minha auréola nestas quistas tardes definhando em gosto de noite fria, um doce negrume derramando o melaço de sua mudez delineada brilho por brilho, palidez estelar, altiva e impiedosa. Palidez distante. Palidez opaca. Silenciosa. Sofrear a alma.
Como pode a penumbra mergulhar num lago de miasmas pelos meus olhos cerrados (ou semi-cerrados, entreabertos espiões) e anuviar os sons da alma?
Deixar-se visto pela escuridão.
Shiiii
reticências
(...) engraçado. Um sorriso de albor sempre me surpreende à materialização do embrião que habita o hiato compreendido entre o pensamento e o som ausente do nada. É que silenciar absolutamente é sempre mirar a face do vazio em sua inteira infinitude e insondabilidade. E complacência também. Há sempre um tiquinho de graça nisso tudo, rs.
Não pensar em nada é sempre ter um pouco de idéia, só assim, unicamente deste jeito, se valida a vacuidade em sua travessa notoriedade.
Liberdade da mente é a corrente amarrada à grande pedra jogada às entranhas do oceano, onde se pode ler (sempre tem que ser ler ou falar algo): "estou livre, estou livre!". É percebida a tranquilidade, a plenitude, a expressão do ser na palavra "livre", uma aleivosia astuta e sem dúvida cruel para com os sentidos, para com o ser, pois ser não é semântica.
(pausa)

Almejo o ser além-semântico, em todo seu pensamento a-palavra.





Meditativo 1

O silêncio não é o gládio que degola a palavra e a mutila letra a letra, é antes o reconhecimento do próprio verbo, sua possibilidade infinita, a semente dourada de sua máxima existência. É preciso treiná-lo.

domingo, 26 de junho de 2011

Há algo errado contigo?
Há algo errado com o mundo.
Falta poesia em excesso ao mundo.
Deus, pobre mundo.
:(

Se engana quem da ida do inverno assiste a esquiva da dor. Flores são flores. Ser dói para ser. Entre o adeus frio, cáustico e cruel da ordem da mundo, entre o gelo espremendo molhado e duro os nervos, entre a nevada de dor e a matéria rósea, amarelada, vermelha ou alva da flor, há o querer. Porque as flores não nascem com a fuga do inverno, elas germinam porque querem.

domingo, 19 de junho de 2011

E.T


Ensinamo-nos a falar, e de tanta inquietude quis guardar todo o mundo em palavra.

Frustrou-se com os limites da linguagem e se sentiu só.

Despiu-se da vaidade explicativa do mundo e de nós fez-se em silêncio solene.

Tanta sapiência o distanciou do sangue humano. Egoísmo despir-se de ser a si e ser o Ser? Não sabe responder-se, apenas se sentiu solitário no leito da contemplação do não dito.

Incompreendido da palavra e mais ainda da desistência do verbo, fez-se híbrido entre pensamento e vazio.

E desde então *

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Deus


Andei exercitando o corpo, e colhi bons resultados. Andei exercitando a mente e pacientemente espero. Hoje, eu exercitei alma (coisa rara no mundo), e que tumulto se fez no meu corpo e minha mente. Obrigado, Deus, por fazer teu mistério além das palavras, mas não além do som, obrigado por se fazer em Bach.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

A fonte do ser e os canais do devir (poema 25)


"Nas profundezas do Insondável
Jaz o Ser.
Antes que céu e terra existissem,
Já era o Ser
Imóvel, sem forma,
O Vácuo, o Nada, berço de todos os Possíveis.
Para além de palavra e pensamento
Está Tao, origem sem nome nem forma,
A Grandeza, a Fonte eternamente borbulhante,
O ciclo do Ser e do Existir."

Lao-Tsé