quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Tarkovsky


"No princípio era o verbo. Por que, papai?"

Assim termina o filme "O Sacrifício", do gênio Andrei Tarkovski. Uma obra que rompe com o contínuo silêncio mortífero, sonso e hipnótico da modernidade. No princípio era o verbo, e agora, é o quê?


domingo, 23 de janeiro de 2011


Hoje eu lembrei de uma frase do Édipo Rei que ilustra tanto a ansiedade humana.

"Que tem a temer o homem, frágil joguete da sorte, que do futuro nada sabe?"

Há algo mais a ser dito, mas é preciso revisitar Sófocles.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Pensamento do Doutor Fausto para começar o dia

"Quando na cela acanhada
A luz de novo se vê,
Fica a alma iluminada,
Sabe o coração quem é.
Volta a falar a razão,
Renasce a esperança perdida,
E em nós cresce a aspiração
Aos rios e às fontes da vida"

Goethe

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

É sério, eu cansei de tanta mediocridade.

Eu juro, eu juro por tudo, olhei enquanto pude no interior de mim, em busca daquilo que pudesse me apontar a causa de tudo isso que sinto. Não encontrei palavra. Desviei os olhos para os lados e enfim entendi, o problema está no mundo, não em mim.


"Aqui não existem loucos. Aqui existem pessoas sensíveis que não aguentam a loucura do mundo aí fora"
Essa frase foi extraída do discurso de um interno de um hospício, durante uma entrevista.

Vazio

Ontem eu senti um vazio de um conforto sublime. Não havia medo, ansiedade ou angústia, nem mesmo esperança, uma vez que o futuro tinha se tornado supérfluo. Acho que foi a primeira vez em minha vida que cheguei perto daquilo que frequentemente associam ao "concentre-se no presente". Sim, pois não houve transcendência de arte, fé ou felicidade. Apenas um vazio confortante.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Os homens tolos

Os homens tolos
(uma paródia eliotiana em dizeres de esperança)

I


Nós somos os homens tolos

Os homens insilenciados

Um nos outros desamparados

Nossas bocas cheias de vozes

Emudecidas ao medo de nós mesmos

Sussurram frias e emudecidas – ai de nós!

Como sapos que coaxam nos pântanos

Ou o vento no mato molhado

Em nossa varanda solitária


Voz sem palavra, mas ainda voz

Cochicha a humanidade

Gesto sem resposta, ação sem vigor

Responde nossa vontade


Aqueles que nos deixaram

E partiram de olhos fechados para o único reino da morte

Nos recordam – se o fazem – não como vazias

Almas imateriais e caladas, mas como

Os homens que sussurram

Os homens tolos


V

Aqui plantamos as açucenas

as açucenas, as açucenas

além do inverno as açucenas florescem

Na rubra e vívida primavera


Entre a idéia

E a realidade

Entre o movimento

E a ação

Ergue-se a esperança

Porque Tua é o reino dos homens


Entre a concepção

E a criação

Entre a emoção

E a reação

Ergue-se o ato

A vida é curta para lamentação


Entre o desejo

E o espasmo

Entra a potência

E a existência

Entre a essência

E a descendência

Ergue-se a palavra

Porque Tua é o reino da vida

Porque Tua é o reino da vida

Porque Tua é o reino da VIDA


E assim expira o velho mundo

E assim suspiram os velhos homens

Não como um lamento

mas um incômodo silêncio

O ar preso de revolta

Não de ira na garganta

Mas de um grito que se anuncia

De esperança

E compaixão.




















quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Beethoven (mais precisamente a 5ª sinfonia)


Tua música é a minha ira num teor divino de sensibilidade. Gênio!

...

Eu e essa mania de me atrair por pessoas nada comuns... Santa complexidade angustiante!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Domingo em família


Na cozinha o som fervido
a pressão da panela
cozendo feijão
o acorde da Elis
ultrapassa os azulejos
confundido a solidão

Vibra a sala à rotação do LP
e o pincel balança entre os dedos
das tintas a dança faz-se em cheiro
e mistura a solidão pintura
com a solidão fresta de porta: aroma de feijão

Entre uma fresta de porta,
e outra fresta
respira a vida filho
entre uma solidão
e outra solidão
respira a arte:
o cheiro de tinta na escrita
o feijão a escorrer pintura

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

06/01/2011 - Saraband


É uma ansiedade tão grande que não cabe em mim... Lembrei-me do personagem de Bergman: Johan, o velho.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Voltei :D


"Minha mente é um vulcão"
Glauber Rocha

A minha mente voltou a ferver. Algum tempo atrás seria bem possível que eu tivesse receio de sequer pensar isso. Verdade seja dita, não há nada mais frustrante que uns minutos de volta a si mesmo para que logo a felicidade escorra para o Diabo. Revoltante é sentir a alegria de produzir no ritmo de outrora e, de chofre, encarar o regresso de uma falta de vontade que põe a auto-piedade como o sentimento que te domina. Não mais! Agora eu sinto meu peito tufar em frente minhas lembranças, minha cabeça desorientar-se e agoniar-se, imersa em flashes mágicos que não apenas alimentam minha alma, mas a movimentam, junto com meus olhos, sedentos de um brilho que há tanto tinham perdido. É claro que ainda existe um caminho a ser seguido, um caminho de ações e determinação: leituras, escrita e outras coisas que eu sei. Mas o fundamental já regressou. Sinto a sensibilidade afinada, os pensamentos em acordes que põe vida em tudo que analisa, seja feio ou belo. A imaginação flui como uma névoa negra que liberta a beleza ígnea do interior do mundo. E eu percebeo que em meu mundo também tem disso, é que eu sou um sujeito que vomita lágrimas-idéias, como um vulcão ativo que chora magma.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Fade to black? No more... Never more...


Uma dia, essa letra foi a minha cara. Graças a Deus que essa merda de tempo foi embora e restou apenas a lógica melódica e harmônica dessa do Metallica.


Fade to black

Life, it seems, will fade away
Drifting further every day
Getting lost within myself
Nothing matters, no one else

I have lost the will to live
Simply nothing more to give
There is nothing more for me
Need the end to set me free

Things not what they used to be
Missing one inside of me
Deathly lost, this can't be real
Can't stand this hell I feel

Emptiness is filling me
To the point of agony
Growing darkness taking dawn
I was me, but now he's gone

No one but me can save myself, but it's too late
Now I can't think, think why I should even try

Yesterday seems as though it never existed
Death greets me warm, now I will just say goodbye, *Goodbye*