quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Os homens tolos

Os homens tolos
(uma paródia eliotiana em dizeres de esperança)

I


Nós somos os homens tolos

Os homens insilenciados

Um nos outros desamparados

Nossas bocas cheias de vozes

Emudecidas ao medo de nós mesmos

Sussurram frias e emudecidas – ai de nós!

Como sapos que coaxam nos pântanos

Ou o vento no mato molhado

Em nossa varanda solitária


Voz sem palavra, mas ainda voz

Cochicha a humanidade

Gesto sem resposta, ação sem vigor

Responde nossa vontade


Aqueles que nos deixaram

E partiram de olhos fechados para o único reino da morte

Nos recordam – se o fazem – não como vazias

Almas imateriais e caladas, mas como

Os homens que sussurram

Os homens tolos


V

Aqui plantamos as açucenas

as açucenas, as açucenas

além do inverno as açucenas florescem

Na rubra e vívida primavera


Entre a idéia

E a realidade

Entre o movimento

E a ação

Ergue-se a esperança

Porque Tua é o reino dos homens


Entre a concepção

E a criação

Entre a emoção

E a reação

Ergue-se o ato

A vida é curta para lamentação


Entre o desejo

E o espasmo

Entra a potência

E a existência

Entre a essência

E a descendência

Ergue-se a palavra

Porque Tua é o reino da vida

Porque Tua é o reino da vida

Porque Tua é o reino da VIDA


E assim expira o velho mundo

E assim suspiram os velhos homens

Não como um lamento

mas um incômodo silêncio

O ar preso de revolta

Não de ira na garganta

Mas de um grito que se anuncia

De esperança

E compaixão.




















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