sábado, 16 de outubro de 2010

Uma homenagem ao RPG Lobisomem, o Apocalipse. E também a Quentin Tarantino! ^^


Uma mosca está parada em cima de sua bochecha. Meus olhos deslizam com diligência para a direita, ao ponto de sentí-los pesar sobre o nariz, até que atingem a oleosidade do local de pouso do insento. A pele ruguenta torna-se ainda mais repugnante com o suor natural do corpo. Levanto a cabeça sinicamente e solto a última fumaça do cigarro que custo acariciar entre os dedos da mão direita. Meu chapéu cai com o movimento. Sinto-o por trás da cadeira que sento. Sou capaz de respirar sua queda, torná-la tão minunciosa que a lentidão tornaria inverosímil o fragmento de tempo utilizado para tal ação. A mosca assusta-se com a brasa caindo no chão. Afirmar que não consigo pensar seria desonestidade. O inverso, nunca estive tão concentrado. De chofre, percebo a mosca passeando entre os meus olhos, tão inocente. Por um segundo sinto como se tudo ao meu redor fosse insensível: escuro, inaldível, sem cheiro ou toque. Reto-mo meus sentidos. Nunca estiveram tão aguçados. Cada vez que ela toma conta de mim é um delírio mais apurado, um prazer inefável. Minha respiração pára, não preciso mais de ar. A cadeira escorrega entre meu corpo e o chão, deixando amassar o chapéu preto agora amassado. Um força tremenda ecoa em minha mente e meus músculos. É, é ela mais uma vez: a hora do fúria começou.
Perco meu corpo, troco a voz por grunidos e salto no sujeito de pele oleosa e ruguenta. Atingo em cheio minha garra direita em sua nuca. O sangue jorra em minha cara. O ferro se preicipita em minha saliva e escorre pelos pelos de meu pescoço. É uma fonte vermelha que se liberta, afim de ser degustada apenas por aqueles que merecem ter ferro circulando pelo organismo.
Me acalmo e retomo minha forma débil. Lamento pela duração do espetáculo, pouquíssimos segundos... Mas esse curto tempo é o necessário para que minha fé não seja abalada. Não há Deus, arte ou filosofia que supere a transcendência impetuosa do sangue. Só ela faz-te esquecer a ti mesmo.

- Couro de Dragão, tribo: Cria de Fenrir, augúrio: Aurhon.

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