sábado, 13 de agosto de 2011

Poema ao pai pintor

Ingenuidade é limitar o Amor à palavra.

O silêncio lavra o sentimento

e fala.

Que é voz? O nada.

Parca vontade de dizer – limitada.

Além do não dito do mundo

infla a força do Ser.

Aguda, calada, emana o que é

e coagula se cárcere, explode:

em raiva,

em tristeza,

em drama,

em melancolia,

em não se sabe o que faz mal,

mas que faz.

Mas se não explode,

se escorre com carinho

pelo olhar debruçado sobre não sei o quê,

por entre abraços

ou pelos dedos,

cria-se da vida a boa (e verdadeira) paisagem:

aquela que teus dedos pintaram com arte

e essa, que eu pinto quando te escrevo!

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