sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Publicação

De acordo com notícias que recebi hoje esse será o meu primeiro poema publicado em livro. O escrevi quando tinha 18 ou 19 anos, tão distante e tão perto do que sou hoje.


Ensina-me como deixar de pensar (ou O Cruzado)

Contei-me em noites pelo deserto
E o vício, não longe, de tão perto
Não findara acalentar
Surgiam luas, passaram dias
E eu, errando em brumas frias
Ainda estulto, continuava a vos amar
Meu corpo, granítico em áridas noites
Não reclamava, ó Deus, dos vossos açoites
Sôfrego esquecimento, impossível de clamar

Recordava-me imerso em batalhas
Donde à vida a morte emana
Sangue, tripas, presentes de navalha!
Cimitarra! Presteza que minha alma inflama
Brados ecoavam pelos campos
Oníricas bandeiras, imanes rajadas
Donde a vida tange a falha
E o erro, exala o pranto
Eis em guerra o que vejo
Lugar, em que a fúria arde em medo
E quem vence é sempre santo

Diz-me, ó Deus das causas justas
Se não vedes o que vejo perante o céu
Quem és tu, alma iníqua, para perdoar o infiel?
De que valem pequenas abusas
Se o teu ser, arde em fel?

Exaspero-me em vossos mandamentos
Não, não quero mais ser um cruzado
Tombo, saturado em tormentos
Pois Cristo, ó Deus, possui coração ávido
Deslembrar-te eu quero, mas, me diz:
“Por que ainda sou tua meretriz?”

O sono da razão produz monstros
Mas, seu despertar não afaga sentimento
Coisas de mau amor que faz ferir
E que não susta um só momento
Ai daquele que pensar em pensamento
Que por aí há maior pensar que o sentir

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