quarta-feira, 9 de junho de 2010

Nietzsche e o amor: brincadeirinha.



"Quando tu olhas, durante muito tempo, para um abismo,

o abismo também olha para dentro de ti"*.

O amor é um drama indispensável ao conhecimento de si.

E ao desconhecer-se. Se desconhecer. A si desconhecer-se.

Invadiu-me um ser alheio. Um ser que sou eu, mas que não era.

E não teve encanto não. Se apossou de mim, se apossou. Eu é que não era assim.

Não tinha esses medos, desenganos, esse jeito todo que não é meu.

O amor desperta coisas. O amor move. Move. Uma alma vai à outra.

É, o amor é uma alma na outra.


"O amor revela as qualidades sublimes e ocultas do que ama, o que nele há de raro,

de excepcional.

Nesse aspecto facilmente engana quanto ao que nele há de habitual"*.

O amor ensinou-me a cantar as tuas músicas. A vida sem a música seria um erro.

Erro mesmo eram as tuas músicas, e eu delas gostei.

O amor é também erro. O erro fortalece.

Ao que não mata, eu canto. Ao que mata também.


Não há essência, mas ruptura. Não há ordem, mas caos.

O amor é o drama do tempo. O rio sempre de ida. A ponte é tu quem atravessas, só tu .

Só tu deves atravessar a ponte da vida.

E por falar em água, o amor é drama d’água.

De água ingerida pela saudade. Do suor-ansiedade expelido.

E água ainda é sêmen difundido.

O amor é a água seca que trava a garganta na hora do adeus.


E resta a fraqueza, o gosto enojado. Confunde-se tudo.

Mas que fique o peito mudo e ressentido. Bom mesmo é na hora do teu.

O que te ausenta de ti é fraqueza. É mal o que vem da fraqueza.

O que é bom, verdadeiro e belo é a potência.

É boa essa vontade de potência.

É bom o ego.



*Referências à obra Para Além do Bem e do Mal.

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