o abismo também olha para dentro de ti"*.
O amor é um drama indispensável ao conhecimento de si.
E ao desconhecer-se. Se desconhecer. A si desconhecer-se.
Invadiu-me um ser alheio. Um ser que sou eu, mas que não era.
E não teve encanto não. Se apossou de mim, se apossou. Eu é que não era assim.
Não tinha esses medos, desenganos, esse jeito todo que não é meu.
O amor desperta coisas. O amor move. Move. Uma alma vai à outra.
É, o amor é uma alma na outra.
"O amor revela as qualidades sublimes e ocultas do que ama, o que nele há de raro,
de excepcional.
Nesse aspecto facilmente engana quanto ao que nele há de habitual"*.
O amor ensinou-me a cantar as tuas músicas. A vida sem a música seria um erro.
Erro mesmo eram as tuas músicas, e eu delas gostei.
O amor é também erro. O erro fortalece.
Ao que não mata, eu canto. Ao que mata também.
Não há essência, mas ruptura. Não há ordem, mas caos.
O amor é o drama do tempo. O rio sempre de ida. A ponte é tu quem atravessas, só tu .
Só tu deves atravessar a ponte da vida.
E por falar em água, o amor é drama d’água.
De água ingerida pela saudade. Do suor-ansiedade expelido.
E água ainda é sêmen difundido.
O amor é a água seca que trava a garganta na hora do adeus.
E resta a fraqueza, o gosto enojado. Confunde-se tudo.
Mas que fique o peito mudo e ressentido. Bom mesmo é na hora do teu.
O que te ausenta de ti é fraqueza. É mal o que vem da fraqueza.
O que é bom, verdadeiro e belo é a potência.
É boa essa vontade de potência.
É bom o ego.
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