(uma paródia eliotiana em dizeres de esperança)
I
Nós somos os homens tolos
Os homens insilenciados
Um nos outros desamparados
Nossas bocas cheias de vozes
Emudecidas ao medo de nós mesmos
Sussurram frias e emudecidas – ai de nós!
Como sapos que coaxam nos pântanos
Ou o vento no mato molhado
Em nossa varanda solitária
Voz sem palavra, mas ainda voz
Cochicha a humanidade
Gesto sem resposta, ação sem vigor
Responde nossa vontade
Aqueles que nos deixaram
E partiram de olhos fechados para o único reino da morte
Nos recordam – se o fazem – não como vazias
Almas imateriais e caladas, mas como
Os homens que sussurram
Os homens tolos
V
Aqui plantamos as açucenas
as açucenas, as açucenas
além do inverno as açucenas florescem
Na rubra e vívida primavera
Entre a idéia
E a realidade
Entre o movimento
E a ação
Ergue-se a esperança
Porque Tua é o reino dos homens
Entre a concepção
E a criação
Entre a emoção
E a reação
Ergue-se o ato
A vida é curta para lamentação
Entre o desejo
E o espasmo
Entra a potência
E a existência
Entre a essência
E a descendência
Ergue-se a palavra
Porque Tua é o reino da vida
Porque Tua é o reino da vida
Porque Tua é o reino da VIDA
E assim expira o velho mundo
E assim suspiram os velhos homens
Não como um lamento
mas um incômodo silêncio
O ar preso de revolta
Não de ira na garganta
Mas de um grito que se anuncia
De esperança
E compaixão.
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