Encaras tua frente: a tua sombra na parede
te engole, te asfixia, te atordoa...
como é longa a escuridão que crias!
e criaste porque quiseste, o laço ao passado está aí porque sonhaste...
sonhaste alto e a vida não te deu, amigo, a vida não te deu!
Que te deve a vida? Não te deve é nada!
Foste bom porque quiseste, e só isso. Nada mais.
Não espere. O sonho é um veludo de conteúdo mudo. Falseia, falseia o mundo.
A vida não admite futuro puro.
Assim expiras:
não em morte,
mas esperança;
não em raiva,
mas controle;
não em choro,
mas suspiro;
não como um GRITO!...
(silêncio)
Que pensas em fazer, companheiro?
Teu futuro te abandonou.
Te restou a solidão do quarto, a grande sombra do que eras (e serias) estampada na parede.
O futuro falecido não te deixa... olhas com saudade os azulejos...
Mas e a boêmia?
E o sexo?
E a música, a música, companheiro!?
Poderias dar um passo tímido
e fazer feliz tua negra companhia
estendendo tua mão
à uma dança sombria contigo.
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