O amor antigo
O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.Mais ardente, mais pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
sábado, 30 de outubro de 2010
Drummond, sempre Drummond...
Shine on your crazy diamond
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Amor, meu GRANDE amor!
"Meu Deus! Um minuto inteiro de felicidade! Afinal, não basta isso para encher a vida inteira de um homem?..."
Noites Brancas, Fiódor Dostoiévski.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Neruda
O futuro que não tive
Encaras tua frente: a tua sombra na parede
te engole, te asfixia, te atordoa...
como é longa a escuridão que crias!
e criaste porque quiseste, o laço ao passado está aí porque sonhaste...
sonhaste alto e a vida não te deu, amigo, a vida não te deu!
Que te deve a vida? Não te deve é nada!
Foste bom porque quiseste, e só isso. Nada mais.
Não espere. O sonho é um veludo de conteúdo mudo. Falseia, falseia o mundo.
A vida não admite futuro puro.
Assim expiras:
não em morte,
mas esperança;
não em raiva,
mas controle;
não em choro,
mas suspiro;
não como um GRITO!...
(silêncio)
Que pensas em fazer, companheiro?
Teu futuro te abandonou.
Te restou a solidão do quarto, a grande sombra do que eras (e serias) estampada na parede.
O futuro falecido não te deixa... olhas com saudade os azulejos...
Mas e a boêmia?
E o sexo?
E a música, a música, companheiro!?
Poderias dar um passo tímido
e fazer feliz tua negra companhia
estendendo tua mão
à uma dança sombria contigo.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Vivi...
"IV
muitas doenças que as pessoas têm são poemas presos
abcessos tumores nódulos pedras são palavras
calcificadas
poemas sem vazão
mesmos cravos pretos espinhas cabelo encravado
prisão de ventre poderia um dia ter sido poema
pessoas às vezes adoecem de gostar de palavra presa
palavra é boa é palavra líquida
escorrendo em estado de lágrima
V
lágrima é dor derretida
dor endurecida é tumor
lágrima é alegria derretida
alegria endurecida é tumor
lágrima é raiva derretida
ravia endurecida é tumor
lágrima é pessoa derretida
pessoa endurecida é tumor
tempo endurecido é tumor
tempo derretido é poema"
Viviane Mosé
sábado, 16 de outubro de 2010
Uma homenagem ao RPG Lobisomem, o Apocalipse. E também a Quentin Tarantino! ^^
Uma mosca está parada em cima de sua bochecha. Meus olhos deslizam com diligência para a direita, ao ponto de sentí-los pesar sobre o nariz, até que atingem a oleosidade do local de pouso do insento. A pele ruguenta torna-se ainda mais repugnante com o suor natural do corpo. Levanto a cabeça sinicamente e solto a última fumaça do cigarro que custo acariciar entre os dedos da mão direita. Meu chapéu cai com o movimento. Sinto-o por trás da cadeira que sento. Sou capaz de respirar sua queda, torná-la tão minunciosa que a lentidão tornaria inverosímil o fragmento de tempo utilizado para tal ação. A mosca assusta-se com a brasa caindo no chão. Afirmar que não consigo pensar seria desonestidade. O inverso, nunca estive tão concentrado. De chofre, percebo a mosca passeando entre os meus olhos, tão inocente. Por um segundo sinto como se tudo ao meu redor fosse insensível: escuro, inaldível, sem cheiro ou toque. Reto-mo meus sentidos. Nunca estiveram tão aguçados. Cada vez que ela toma conta de mim é um delírio mais apurado, um prazer inefável. Minha respiração pára, não preciso mais de ar. A cadeira escorrega entre meu corpo e o chão, deixando amassar o chapéu preto agora amassado. Um força tremenda ecoa em minha mente e meus músculos. É, é ela mais uma vez: a hora do fúria começou.
Perco meu corpo, troco a voz por grunidos e salto no sujeito de pele oleosa e ruguenta. Atingo em cheio minha garra direita em sua nuca. O sangue jorra em minha cara. O ferro se preicipita em minha saliva e escorre pelos pelos de meu pescoço. É uma fonte vermelha que se liberta, afim de ser degustada apenas por aqueles que merecem ter ferro circulando pelo organismo.
Me acalmo e retomo minha forma débil. Lamento pela duração do espetáculo, pouquíssimos segundos... Mas esse curto tempo é o necessário para que minha fé não seja abalada. Não há Deus, arte ou filosofia que supere a transcendência impetuosa do sangue. Só ela faz-te esquecer a ti mesmo.
- Couro de Dragão, tribo: Cria de Fenrir, augúrio: Aurhon.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Versos do "Quenga de Coco" que marcaram o melhor ano de minha vida, o de 2004!
"Mas deixa estar ingratidão
Ao cantar da patativa outro Sol já vai nascer
Vou tirar de minha mente
Cantar outro repente
Vou tentar te esquecer"
Dancei muito forró ouvindo Quenga de Coco no 3º ano do Nóbrega. Esses versos marcaram minha vida pra sempre, guardam um tempo de uma felicidade absurda! Felicidade que, diga-se de passagem, voltei a ter...